Estamos vivendo neste início do século XXI uma nova realidade na construção civil a metodologia BIM, que é resultado do momento histórico em que a tecnologia da informação se tornou o cerne e o caminho natural para aumentar a competitividade dos setores industriais. O BIM é um processo de projeto digital inovador e pode causar um efeito sobre nós arquitetos, engenheiros, designers de interiores e técnicos em edificações que costumo chamar de Efeito ICEBERG.
A metodologia BIM traz agilidade na tomada de decisões sobre o planejamento e a construção de um empreendimento com comunicação de dados precisa conectada e em tempo real. Na proposta metodológica do BIM não há espaço para bolhas de informações isoladas, mas a colaboração efetiva de todos nós, projetistas desde o início do Projeto de arquitetura BIM do empreendimento. O que pode se tornar um dos maiores desafios para nós projetistas. Ainda assim, isso garante que o tempo até então desperdiçado no processo de projeto tradicional passa a ser digerido com mais agilidade reduzindo retrabalhos.
O que o BIM tem a ver com você?
Para responder essa pergunta será necessário eu abordar o BIM sob dois contextos:
1. O BIM como estratégia de gestão de projeto.
Com relação ao primeiro contexto, tenha claro que para você crescer é necessário gestão de projeto! Vou construir meu argumento, para esse contexto, com base em dois dados. O primeiro extraído da pesquisa: “Sondagem de Inovação”, produzida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), realizada em março de 2018 com 700 empresas do setor da construção civil. A pesquisa aponta que apenas 9%, dessas empresas, já implantaram o BIM na sua rotina de trabalho, conforme postagem de agosto de 2018, no site Allevant Engenharia. O outro dado, é que podemos dizer, mesmo que ainda pequena, a demanda por BIM tem crescido nos últimos anos devido a percepção do contratante do seu maior benefício, aumentar a confiabilidade nas estimativas de preços e no cumprimento dos prazos, o que reduz erros e garante a qualidade dos projetos e da obra.
Com esses dados mesmo que, de 2 anos atrás, representam um quadro válido para os dias de hoje, que permite dizer que quando a demanda pelo BIM é maior do que a oferta de profissionais capacitados, os preços dos serviços tendem a subir. Portanto, esta é a grande oportunidade que participando do meu Projeto de arquitetura BIM você arquiteto, engenheiro, designer de interiores e técnico em edificações terá! E como vimos a demanda dos contratantes pelo BIM cresce, portanto eles se dispõem a pagar pelo serviço em BIM, por terem consciência do fato, que o Projeto de arquitetura e o seu orçamento terão maior transparência e precisão, porque serão monitorados desde o seu início.
Será possível ao contratante otimizar o orçamento, acompanhar o alinhamento entre as disciplinas, a definição e aquisição de materiais, oferecendo maior confiabilidade aos projetos e o controle mais preciso da obra em tempo real. Quero, portanto, toda a sua atenção, agora, para destacar o cerne dessa nossa conversa: Esta é a introdução do caminho que ofereço para você compreender como seu negócio deverá ser conduzido com relação a essa nova metodologia e te ensinar como você deve traçar metas, para desfrutar dos benefícios do BIM, ou seja, aumentar a sua produtividade reduzindo custos de produção para que você seja competitivo, nesse mercado de pouca oferta!
Tempestade perfeita de ineficiências.
Assim, repensar a sua produtividade é o caminho natural. A baixa produtividade tem sido uma constante, aumentando os custos e desperdícios ao longo do ciclo de vida do Projeto de arquitetura. Essa, tempestade perfeita de ineficiências, tem solução! Para melhorar a produtividade, o primeiro passo é quebrar os silos de informações isoladas e estruturar sua empresa de arquitetura e engenharia para que as informações aconteçam dentro de um fluxo aceitável. Uma boa gestão de projeto permitirá seu crescimento e, também, atender as exigências dos contratantes por serviços mais rápidos.
As pressões para acompanhar a velocidade do mercado demandam maior eficiência. O que define a Gestão de projetos como uma habilidade altamente procurada como diferencial competitivo para que os Projetos da sua empresa de arquitetura e engenharia sejam completados no prazo e dentro do orçamento. Neste sentido, então acredito que você arquiteto, engenheiro, designer de interiores e técnico em edificações não deva interessar-se pelo BIM só porque as pessoas, dizem que ele é importante. Eu acredito (e esse é meu propósito aqui) que você deva compreender, porque o uso dessa metodologia vai melhorar a Gestão de projetos da sua empresa, ou seja, o que ela traz de melhora, para o seu desempenho e o que ela traz de benefícios para a sua realidade e para o crescimento do seu negócio.
2. O BIM, a construção civil e o Brasil.
Bem! Com relação ao segundo contexto o BIM, nos setores da construção civil, no Brasil. Para compreender nosso contexto aqui, eu vou ampliar nossa perspectiva e iniciar uma aproximação, para esse contexto, a partir do momento histórico em que a tecnologia da informação se tornou o cerne do desenvolvimento econômico e o caminho natural para aumentar a competitividade dos setores industriais, inclusive a construção civil. Para melhor explorar essa questão no setor da construção civil, vou abordar, separadamente ela, primeiro no setor público e depois no setor privado. Porém tenha em mente que as Políticas públicas e as Estratégias empresariais andam sempre lado a lado. Vamos começar pelo setor público.
Setor público.
No Brasil, a tecnologia da informação ainda é pouco utilizada. O Brasil está pouco preparado para a adoção em larga escala da Indústria 4.0 tendo em vista aspectos: estruturais, educacionais e culturais. Segundo artigo de Bruno Diniz, de 2019 na plataforma administradores.com, de acordo com a pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria, das empresas consultadas, as empresas que não identificam quais tecnologias têm potencial para alavancar a competitividade no setor industrial, as pequenas empresas correspondem a quase 60% delas. Já entre as grandes, elas correspondem por volta de 30%.
Assim, a pesquisa deixa claro e evidente o nosso atraso. Atraso que se reflete também, na indústria da construção civil que ainda está se familiarizando com tecnologias relacionadas a digitalização dos componentes de um modelo virtual da construção.
Tendo em vista que essas tecnologias digitais, de fato associadas ao conceito do BIM, estão mais voltadas para o desenvolvimento de processos de gerenciamento e gestão de informação de projetos digitais, que resultam em mudanças no meio de representação, transmissão e gerenciamento de informação, todavia, contribuem pouco para o que de fato considero de grande relevância para os arquitetos e o que de fato aponta para a profunda transformação, em todos os setores da construção civil, o uso de tecnologias para a melhora da práxis arquitetônica, ou seja, o uso das tecnologias digitais de geração da forma arquitetônica, que também estão presentes no conceito do BIM e que interferem diretamente na qualidade da arquitetura.
Por outro lado, reconhecendo isso o Governo Federal, por meio da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançou, em 2018, dois Projetos de grande relevância para essa situação brasileira: a Agenda Brasil para a Indústria 4.0 e Modernização da Construção Civil. Essa última alinhada com os objetivos da Estratégia BIM BR que falarei mais à frente. Mas adianto que como parte da Estratégia BIM BR, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), também lançou no mesmo ano, a Plataforma BIM BR, Portal público que hospeda a Biblioteca Nacional BIM (BnBIM) a única biblioteca BIM desenvolvida integralmente com recursos públicos no Brasil. A Estratégia BIM BR, portanto, busca viabilizar uma estrutura governamental para mudanças no país, com a inserção da metodologia BIM para que o Brasil consiga até 2028 aumentar o PIB da Construção Civil de 5%, dado de 2018, para próximo de 30%, em 2028 com o foco principal na redução de custos e facilitação do seu acompanhamento pelos órgãos de controle do governo.
Vamos ao resumo da Estratégia BIM BR.
Essa preocupação em disseminar a metodologia BIM começa em junho de 2017, com o Governo Federal criando o
Comitê Estratégico de Implementação do BIM|CE-BIM; e com a publicação do
Decreto nº 9.377 de 17 de maio de 2018, instituindo a Estratégia BIM BR, com a finalidade de promover a difusão da metodologia BIM no país. Destaco aqui, com relação ao setor público, o inciso II do artigo 2º, que define os objetivos da Estratégia, é seu objetivo coordenar a estruturação do setor público para a adoção do BIM. A Estratégia BIM BR foi atualizada pelo
Decreto nº 9.983 de 22 de agosto de 2019. Decreto sucedido, pela publicação de outro, o
Decreto nº 10.306 de 2 de abril de 2020 que já estabelece que obras e serviços de engenharia contratados pela administração pública federal deverão ser executados em BIM, a partir de 2021. Segundo o Mapa gerencial das obrigatoriedades, previsto na Estratégia as exigências acontecerão em três fases, 2021 BIM exigido nos Projetos; 2024 BIM exigido nas obras e 2028 BIM exigido nas operações e manutenções do pós-obra.
Setor privado.
E por fim, para completar a abordagem contextual para a resposta da nossa questão, vamos falar agora do setor privado. Enfatizando antes que, as estratégias empresariais, ou seja, o setor privado e Políticas públicas, sempre andam lado a lado. Destaco agora, com relação ao setor privado, o inciso III do artigo 2º, aquele que define os objetivos da Estratégia BIM BR é seu objetivo, também criar condições favoráveis para o investimento privado em BIM.
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logomarca do projeto arquitetônico de Alexandre Barone. |
Conclusão.
Mas finalmente, o que o BIM tem a ver com você? Veja você que, sendo fato que no Brasil as Estratégias empresariais e as Políticas públicas andem sempre lado a lado, mesmo quando, segundo o decreto, as obrigatoriedades da Estratégia BIM BR são determinadas somente para as obras públicas, podemos deduzir que será verdade também o fato que, à medida que as obras do setor público forem adotando o BIM em suas etapas de Projeto, o mercado de forma geral sofrerá mudanças que acabarão incidindo, também nas obras particulares. E os impactos sobre a competitividade serão sensíveis, como a exigência por serviços rápidos propiciados pelo BIM que ditaram o mercado, exigindo sua maior eficiência.